O ceticismo autônomo como possibilidade de tranquilidade na turbulência (publicado na Revista Quarka)
O ceticismo de São Tomé. Imagem: Michelangelo Merisi de Caravaggio Para Montaigne (1533-1592) nada é perene ou seguro, somente a incerteza. É ela que movimenta constantemente o mundo, o devir. POR LEANDRO GAFFO 4 DE MAIO DE 2021 0 Ao contrário do que propunha Santo Agostinho (354-430), já que este sustentava que devíamos nos aproximar das coisas divinas, que são as únicas coisas perenes, Montaigne prefere a real certeza de que tudo é incerto e tende a desaparecer e se desagregar. Agostinho nos diz que se aproximar do devir é pecar, pois é estar preso às vicissitudes e bens corruptíveis do mundo. Ao invés disso o homem deve voltar-se às essências que só podem ser alcançadas na verdadeira morada definitiva que é a eternidade da alma. É pecador e criminoso aquele que repousa sua cabeça no travesseiro confortável e macio de seus gozos (AGOSTINHO, 2019). O travesseiro do gozo é associado por Agostinho aos céticos e seu travesseiro confortável da dúvida, pois para ele, os céticos