Andrà Tutto Benne







 Hoje fiz meu primeiro passeio no centro da città desde que cheguei há quase vinte dias. Fiz estas fotos acima da Piazza Duomo e da Piazza Loggia.

Sensação estranha. Uma mistura de contentamento por ver que as pessoas estão respeitando o isolamento social na medida do possível e da imposição do governo (as pessoas não podem andar de um município para o outro com multa de 280 Euros para os infratores) e por rever essa cidade que é minha segunda casa, mas com tristeza e nostalgia pelas ruas vazias ou com pouca gente e tantos negócios fechados, mesmo perto do Natal.

Sim, teremos de nos adaptar a uma realidade que mudou. Não sabemos nada do que está por vir. Sim, parece que a vacina está chegando, mas quando será para todas as pessoas? Qual seu grau de eficácia? Difícil dizer. Sim, os médicos aprenderam muito sobre o vírus e seus efeitos, mas ainda morrem muitas pessoas infectadas todos os dias. 

Sinto que as pessoas daqui desenvolveram um medo genuíno do outro. Quando se cruza com alguém na rua caminhando elas olham e não cumprimentam mais, procuram dar distância, Percebo que a experiência de ser o epicentro da pandemia foi traumatizante para muitas delas.

Claro que não é algo que só ocorra aqui, mas me parece que no Brasil ainda há muita gente que não se deu conta de tudo que a humanidade está vivendo. Embora haja gente sem noção também na Italia, me parece uma minoria. Isto mostra que a coisa aqui se deu de forma mais profunda. Brescia é uma cidade industrial com muitos imigrantes, mas ainda com um ar interiorano e me parece que isto pesa na vivência da pandemia.

Mas há algo em comum às diferentes experiências de Italia e Brasil de vivência da pandemia: os seus efeitos sobre a saúde mental. Os números demonstram um aumento alarmante dos casos de procura por atendimento médico, psicológicos, psicanalíticos e terapêuticos nos dois países (quiçá no mundo todo). Dizia-se que a terceira onda seria exatamente esta e me parece que acertaram em cheio.

Os efeitos do isolamento social são cada vez mais sensíveis.

É preciso não culpabilizar a pandemia por isto. Explico.

Quando as pessoas tiveram que se recolher por um período em suas casas (aqueles que puderam fazer isto), trancaram-se também com os problemas que já tinham. Discussões e brigas matrimoniais e de família, idiossincrasias de inúmeros tipos, vícios, tristezas mal resolvidas, dificuldades de enfrentar seus problemas, vazios existenciais, recalques e sofrimentos de diversas ordens. Tudo isso já era de posse das pessoas.

Poucas pessoas relatam que não tinham nada disso antes da pandemia e que somente desenvolveram com ela (sinceramente acho que essas pessoas estão mentindo a si mesmas), no entanto é verdade que todas essas angustias foram multiplicadas com a experiência do isolamento social. O resultado é esse que estamos vivendo hoje. Um crescimento assustador de casos de depressão, ansiedade e medo, principalmente entre os jovens. O aumento do número de suicídios também é grande.

Estranhamente o que faz o Brasil diante desse quadro?

Resolve suspender portarias do Ministério da Saúde que tratam da questão do atendimento de casos de saúde mental, especialmente os casos de internação. Claramente a intenção é retirar poder do processo desencadeado pela Luta Antimanicomial que se iniciou nos anos 80 e que toma força nos últimos anos. Além disso, visa desestabilizar a rede de atendimento feito por entidades em parceria com o Estado, no intuito de oferecer o controle dessa rede de apoio psicológico às entidades vinculadas a grupos religiosos.

Não se trata aqui de invalidar totalmente o trabalho desenvolvidos por raras exceções de algumas entidades desses grupos, Mas em sua grande maioria são papeis exercidos por líderes religiosos sem nenhuma qualificação ou escrúpulo que tentam negar toda luta contra a rotulação e preconceito que sofrem as pessoas acometidas por problemas e sofrimentos psíquicos. Para estes grupos religiosos os problemas mentais são "coisa do demônio" e, portanto, basta um exorcismo ou uma sessão de "descarrego". É muito triste que depois de tantas conquistas nessa área nos últimos anos como o fechamento de manicômios que eram verdadeiros "açougues de gente", ainda haja pessoas que defendam a internação compulsória e prolongada, a não inclusão de crianças com deficiência mental nas escolas regulares e disseminem por aí que depressão é falta de deus no coração.

Eu me pergunto: qual deus?

Uma vez me fizeram essa pergunta num evento sobre suicídio, se depressão era falta de deus. Eu respondi que um deus poderia ajudar, pois a fé tem um comprovadamente um papel na cura das pessoas que a possuem, mas que em alguns casos o problema é a própria presença desse deus.

Cansei de receber pessoas com distúrbios e sofrimentos psíquicos derivados da não aceitação de seus modos de vida por igrejas de diversas denominações. Seja porque são gays, porque querem se casar novamente após um divórcio, porque não aceitam determinadas imposições feitas pela igreja, porque sentem-se reprimidos sexual, intelectual, social e politicamente por essas igrejas.

Após o fenômeno da secularização que, como já dissemos aqui, foi o advento de uma nova religião com um novo deus (o Dinheiro), o choque com as antigas religiões, especialmente as cristãs e muçulmanas foi avassalador e gerou períodos de avanços ora de uma ora de outra. Se nos anos de 1890 a 1920, houve uma moderação e conservacionismo marcantes, gerando inúmeros casos de histeria que está diretamente ligada à repressão sexual, nos anos de 1930 a meados de 1950 houve profundo avanço progressista com liberdade votos feminino e mudanças nas vestimentas e estilos musicais bastante acentuadas. Os anos 1960 foram mais conservadores até que em 1968 explode toda a rebeldia progressista que leva a um avanço tão grande das pautas seculares nos anos 1970 a 1990 que daí ate hoje temos uma onda de repressão religiosa no mundo todo. Nos anos 2000 seus efeitos são o aumento dos casos de depressão e suas derivações e mais recentemente de 2010 para cá um grande crescimento dos casos de ansiedade e suas derivações.

Além de ocupar a política brasileira, esses grupos religiosos ambicionam desconstruir tudo que lembre as conquistas progressistas dos últimos 40 a 50 anos, entre elas, a educação laica, a liberdade cultural e artística e a Luta Antimanicomial.

Na semana passada distribuíram um panfleto no bairro onde minha irmã mora em Brescia que falava da importância de falara respeito dos sofrimentos e angustias que vivenciamos durante a pandemia e oferecendo um número de telefone para o qual as pessoas poderiam ligar para serem escutadas por voluntários do bairro. Pensei na hora: Puxa vida! Alguém colocando em prática aquilo que pretendo com o Curso de Escuta Sensível!

Não tenho complexo de vira-latas. Há muitas coisas difíceis de engolir e conservadoras ao extremo no modo de vida italiano, mas não dá pra negar que em termos de políticas públicas e conscientização popular eles estão a grande distância dos brasileiros. Voltar a tratar pessoas com transtornos e deficiências mentais como doentes irreparáveis que devem ser afastados do convívio das pessoas é de uma crueldade sem tamanho. Julgar assim os outros não me parece coisa de gente muito normal...


Nesli - Andrà Tutto Bene - 

Che poi io l'ho sempre saputo
In tutti i momenti difficili 
E volevo solo dirti che se ci credi in fondo
Andrà tutto bene
Questo è l'inizio, non è la fine
Un solo amore senza confine
A te il mondo, a me il sogno
A me la notte, a te il giorno
A noi il tempo non risparmierà mai
Giornate che sembrano non passare mai
E i pensieri che ti fanno diverso
Il silenzio per tutti lo stesso universo
Amo questa vita all'infinito
Amo l'infinito in questa vita
E tu smetti di piangere bambina
Non è finita finché non è finita
Se ti dico che andrà tutto bene
Se ti dico "non ti preoccupare"
Che alla fine ne usciremo insieme
Anche al costo di dover lottare
Se ti dico "guarda là il tramonto"
Dopo tutto passerà un momento
È perché lo sento, è perché lo sento, è perché lo sento
Se guardi il cielo non sei più solo
Se questo è vero, è ciò che sono
Senza paura di fronte a Dio
Dirai la verità solo dicendo addio
A noi il tempo non ci lascerà mai
Ciò che è stato, dimenticate 
Se non ti chiedi come andrai e dove andrai
Che poi è solamente un'altra estate
Amo questa vita all'infinito
Amo l'infinito in questa vita
E tu smetti di piangere bambina
Non è finita finché non è finita
Se ti dico che andrà tutto bene
Se ti dico "non ti preoccupare"
Che alla fine ne usciremo insieme
Anche al costo di dover lottare
Se ti dico "guarda là il tramonto"
Dopo tutto passerà un momento
È perché lo sento, è perché lo sento, è perché lo sento
Se ti dico che andrà tutto bene
Se ti dico "non ti preoccupare"
Che alla fine ne usciremo insieme
Anche al costo di dover lottare
Se ti dico "guarda là il tramonto"
Dopo tutto passerà un momento
È perché lo sento, è perché lo sento, è perché lo sento
Se ti dico che andrà tutto bene
Se ti dico "non ti preoccupare"
Che alla fine ne usciremo insieme
Anche al costo di dover lottare
Se ti dico "guarda là il tramonto"
Dopo tutto passerà un momento
È perché lo sento, è perché lo sento, è perché lo sento
È perché lo sento
È perché lo sento
È perché lo sento

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Spero di rivederti presto e non solo tu, e non in questa situazione! Non so quando, ma lo spero davvero! Grazie di esserci sempre! Ti voglio bene fratellino

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